quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Canto de dentro




E mais versos expirados trazendo a inspiração de quem esteve junto, deitando fora o de dentro. Devolvendo, transformado pela sensibilidade de um olhar incisivo, em observação agudíssima, de bulir cachorro, todo o máximo de espaço num tempo mínimo.
Zamorano, o homem por trás das lentes, que é um dos comparsas das tramoias da PQNA VOLTA, que esteve junto no caminho fazendo firulas com a câmera, deitando as imagens que temos (e que ainda não postamos em sítio algum, por inércia preguiçosa, talvez) divide com a gente palavras de quem vê o que olha. De quem repara.
Chega de enrolação (que é costume, já que é um tipo de volta também, não?!) e vamos cantar junto essa espécie de hino latino-americano composto por Zamorano.
Braços espaçados pra todos.
Hasta siempre,
Lucas Milani



AREIA
Poema de Danilo Zamorano

Um só um

Sou mexicano, maia, salvadoreño.
Sou uruguaio, inca, porteño.
Sou equatoriano, asteca, brasileño.

Sou colombiano, tupi, campesino.
Sou hondureño, guarani, clandestino.
Soy viajero, loco y sin destino.

Não tenho teto, uma só língua ou identidade.
Com sangue, suor e liberdade.
Sou latinoamérica, integração e saudade!



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

um grão de longe trouxe areia doutro canto



A seção AREIA do livro PQNA VOLTA vai sendo moldada junto.


    Aqui falamos muito de saudade. Esse cafezinho matutino. Essa senda perfumada. Esses extremos chamando extremos, na distância. Esses pés cheios de lama, cheios de estrada. Essa delonga de tempo que toma tanto espaço no peito do sambista - daí nasce o contra-tempo, talvez.
   A PQNA VOLTA recebe mais um poema saudoso com um sorriso que não cabe na América. Vindo do outro lado do Atlântico, Fairo Flávio estuda engenharia no Rio há algum tempo. De Luanda, Angola, pra cá, somam-se muitas águas salgadas - as que se surfam e as que se sofre.
   Do perto desse distante, a PQNA VOLTA apresenta o poema sincero de Fairo. E agradece com um abraço banguela.

Hasta siempre,
Lucas Milani


AREIA
Poema de Fairo Flávio


O aperto da saudade e a fúria da tristeza
Vêm revelar a imensidão da tua beleza
Nesse lugar estranho
Sou uma presa fácil da solidão
E do pranto que afeta o meu coração
Com essa sua frustrada rebelião
Por não poder tocar a tua mão
Sem poder beijar os teus lábios
E sentir o caloroso apertar do teu corpo
Sendo atraído pelo meu
Refletindo o enorme desejo de te ter
Por um instante,
Por uma hora, por uma noite
Ou até que a morte nos separe!






 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

AREIA



   Um amigo me disse que a PQNA VOLTA não é só um caminho cronometrado pela quilometragem. Gostei do jogo sonoro. E concordei com a ideia.
   A PQNA VOLTA é um percurso não só pelas cidades ou campos, ares diversos, idiomas irmãos; é também um percurso por cores escolhidas a dedo, por lembrança mal-curada, adeuses repetidos e, sobretudo, um percurso pela saudade do si, do ti, de tudo e até de nada.
   
   Com os cantos dos lábios erguidos, recebemos mais um poema para a AREIA.
   Nosso sorriso de comprometimento e gratidão ao poeta Thiago Cestari.
   Transcrevo, inclusive, o e-mail. Tem muita vida pulsando ali, achei melhor abrir os braços e dividir.

  Hasta siempre, hermano.
  Lucas Milani



Poema de Thiago Cestari para a PQNA VOLTA : AREIA 

“Dando um bizu nos meus poemas, compreendi que este é um dos que mais se aproximam da imagem de uma areia, afinal é um poema sobre o devir. Compus ele em Santiago, antes de percorrer o Caminho. Os peregrinos me inspiraram - todo dia cruzava a Catedral de Santiago e os via chegando, cansadões e felizes.” T.C



Por onde vai essa pessoa

Por onde vai esta pessoa?
Quais os traços que a definem?

Se eu estivesse percorrendo este mesmo caminho
Esta pessoa seria eu.

Se eu estivesse deambulando desta forma
Esta pessoa poderia ser eu.

Este homem negro poderia ser eu
Com seus olhos melados, de pedra.

Essa senhora decrépita e de cabelos ralos
Poderia ser eu.

O que é que no separa, afinal?

Que é que me separa, continuamente, fibra após fibra,
De você?



sábado, 1 de setembro de 2012

pra quando fizer frio



pra que não nos chegue frio
aquilo que com ardência
e unhas roídas esperamos

é bom ouvir um som leve
que nos leve
pra fora de si

é bom cobrir de sempre
o breve caminho
do existir