Contrário
às próprias contradições.
Renegar
a escolha e desviar
os
olhos ao que eles mais supõem.
Como que
por cinismo.
Como que por entrega.
Fazer
da sombra um manto aquecido
no
próprio ato de se esquecer.
E
desenganar a sede e dormir na fome.
Fingir,
sobretudo, sobre todos.
Ouvir
um som lento e deixar-se
inebriar
à cata de tempo.
Deixar o
tempo cair.
Deixar os olhos caírem.
E
jamais.
E
suceder com eficiência a cada passo.
Esquecer.
Esquecer. Esquecer-se
em
algum canto.
Evitar
a lembrança a custo de grandes voltas.
Estar-se.
Estagnar-se. Acomodar-se.
Um
apartamento bem mobiliado com uma pintura abstrata na parede.
E
algum espaço para os sapatos. Que são muitos. E iguais.
O
mesmo vale para os caminhos.
Não
cortar caminhos. Só os gastos.
Adiar
a viagem. Adiar o sonhado dentro do ônibus naquele dia de chuva.
Adiar
a coragem. Abandonar-se até não restar.
E
diluir-se. Sem usar uma gota de vida.
*
Fugir
pelo caminho mais longo.
O
temporário. O impreciso. O inocente. Nunca ingênuo.
Ouvir
a única música possível. A própria
melodia.
A
que vem antes.
E as coisas podem
começar a ser diferentes.
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