sábado, 1 de junho de 2013



Contrário às próprias contradições.
Renegar a escolha e desviar
os olhos ao que eles mais supõem.
Como que por cinismo.
Como que por entrega.
Fazer da sombra um manto aquecido
no próprio ato de se esquecer.
E desenganar a sede e dormir na fome.
Fingir, sobretudo, sobre todos.
Ouvir um som lento e deixar-se
inebriar à cata de tempo.
Deixar o tempo cair.
Deixar os olhos caírem.
E jamais.
E suceder com eficiência a cada passo.
Esquecer. Esquecer. Esquecer-se
   em algum canto.
Evitar a lembrança a custo de grandes voltas.

Estar-se. Estagnar-se. Acomodar-se.
Um apartamento bem mobiliado com uma pintura abstrata na parede.
E algum espaço para os sapatos. Que são muitos. E iguais.
O mesmo vale para os caminhos.
Não cortar caminhos. Só os gastos.
Adiar a viagem. Adiar o sonhado dentro do ônibus naquele dia de chuva.
Adiar a coragem. Abandonar-se até não restar.
E diluir-se. Sem usar uma gota de vida.
                        *
Fugir pelo caminho mais longo.
O temporário. O impreciso. O inocente. Nunca ingênuo.
Ouvir a única música possível. A própria melodia.
A que vem antes.

E as coisas podem começar a ser diferentes.

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